Acredito que das experiências mais válidas durante a minha graduação foi me permitir a relaxar em relação a mim mesma, em diversos aspectos. A começar pelo fato de moderar no perfeccionismo. Antes, não me permitia ser boa em algo, nem que fosse "uma das" melhores...tinha que ser a melhor e em tudo! Hoje em dia me permito a ser boa no que me proponho a fazer... Sim! Tem coisas que não faço ou nem me empenho tanto em fazer, mesmo sendo obrigatórias, porque não me cativam ou simplesmente por um desleixo advindo da própria falta de vontade; mas quando as faço, faço bem feito, com gosto, direito, principalmente aquelas que correspondem às minhas idéias e concordam com meus conceitos.
Assim, neste caminho, resolvi relaxar em diversos aspectos, das obrigações sociais às pessoais, inclusive em relação ao meu corpo. Não que eu tenha me esforçado para engordar e tenha gostado disso, não é assim. Mas aconteceu, por diversas razões relativas à minha saúde tanto física quanto mental e, principalmente, psicológica. Sofri um pouco sim no início, mesmo porque faço uma graduação em Dança que discute esta padronização de corpos dentro de sala de aula e prega exatamente o contrário fora dela (ou muitas vezes dentro também). Você conversa com algumas pessoas e não há outro diálogo que cabe para elas que não leve a comentários do tipo "tenho que emagrecer" ou "fulana engordou"...aff...isso me irrita...
- Agora entendo porque meus pais sempre me diziam que eu ia ficar chata se continuasse tão neurótica com minhas dietas que me sugavam os cuidados, mesmo sendo magra...) -
Não que eu ainda não seja neurótica... não que não compartilhe destes comentário também (pow, eu engordei 20 Kg, não tem como não me incomodar!)... Mas daí a ser este meu único assunto numa roda de amigos ou quando chego em casa cansada e faminta precisando de um banho e um bom misto-quente para repor as minhas energias, ah, isso não!
Dentro do meu sofrimento inicial, resolvi então ser proporcional e engordar também o que acompanha este corpo que eu já não reconhecia mais... decidi "engordar" minha alma e minha mente...
Passei a questionar cada vez mais valores pessoais e coletivos e cheguei à conclusão que você pode ser a "Gisele Bündchen", mas nada vai prender as pessoas que o cercam por muito tempo se não houver personalidade e conteúdo (não que a Gisele não tenha!...rs). Pensei então que poderia me tornar uma pessoa mais interessante se compartilhasse de mais assuntos, de mais cultura...
Mas esta atividade me fez cada vez mais questionar o comportamento das pessoas. Pelo menos no ambiente em que eu vivo, ainda não há maturidade suficiente para entender que os valores devem ser pensados e repensados...
Sofri denovo, por perceber que não era tão aceita tanto quanto aquelas pessoas fúteis - e que se acham inteligentes por saber trocar meia dúzia de palavras comuns e simpáticas - que pensam quase que o tempo todo (senão todo ele) na aparência.
Talvez pelo meu comportamento extrovertido, quase o de uma candidata política segundo meu pai (rs), eu tenha sido aceita sim em determinadas ocasiões; mas sempre senti que os comentários ou simples pensamentos críticos sempre aconteciam.
Eu não era mais bonita porque não vestia maneguim 38 e/ou porque decidi radicalizar e experimentar um corte de cabelo diferente. Eu não tinha a mesma beleza por não carbonizar minha pele e meus neurônios no sol ou derretê-los com água oxigenada, secador e chapinha.
A padronização de corpos e modelos de beleza é cruel às vezes, e talvez seja o pior preconceito. As pessoas enchem a boca pa dizer que "o que interessa é o conteúdo", mas na verdade, o que interessa é a embalagem... o conteúdo, só se for algumas centenas de mililitros de silicone.
Mas apesar de dolorosa, esta foi uma experiência que me ensinou muito. Hoje não olho mais para as pessoas da mesma forma, não critico aparâncias da mesma forma que antes e valorizo sim um bom papo, uma sintonia, a atenção dispensada. Hoje me policio quando começo a ficar bitolada demais em dietas, principalmente se forem de cunho estético mais que saudável; ou mesmo quando entro em uma delas, evito que este seja o meu assunto único e que eu me torne uma chata, monodiscursiva, insuportável. Hoje consigo me aceitar mais e aceitar meus defeitos e qualidades que vão além deste corpo. Hoje busco a cada dia me acrescentar mais em conteúdo e a acrescentar na vida das pessoas, que seja um olhar solidário que se torne inesquecível. Pois percebi mais que nunca que este corpo tão visado na sociedade contemporânea é pura matéria e que os verdadeiros valores só permanecem quando conseguem transcendê-lo. Aprendi muito, cresci muito, com certeza me tornei uma pessoa melhor, mais madura.
Chegou a hora de me sentir bem comigo mesma e com meu corpo. Por questões mais de saúde - mas também estéticas e profissionais - inicio meu processo de volta ao mundo das pessoas magras. Mas volto com sensação de dever cumprido, com alegria pelo que foi por mim adquirido e sem me incomodar por estar carregando marcas e estrias desta época em que cresci pela dor.
... ... ...
E continuo afirmando: é possivel ser feliz sendo gordinho sim... mas, principalmente se você já foi magro um dia, é preciso ser forte para lutar contra preconceitos e exclusões. Se não conseguir sê-lo, faça como eu em minha mais pura e convencional covardia, inicie uma dieta!
Mas gordo ou magro sempre questione os verdadeiros sentimentos e valores das pessoas que o cercam nesta sociedade que pensa se camuflar em meio a bisturis e botox.
Assim, neste caminho, resolvi relaxar em diversos aspectos, das obrigações sociais às pessoais, inclusive em relação ao meu corpo. Não que eu tenha me esforçado para engordar e tenha gostado disso, não é assim. Mas aconteceu, por diversas razões relativas à minha saúde tanto física quanto mental e, principalmente, psicológica. Sofri um pouco sim no início, mesmo porque faço uma graduação em Dança que discute esta padronização de corpos dentro de sala de aula e prega exatamente o contrário fora dela (ou muitas vezes dentro também). Você conversa com algumas pessoas e não há outro diálogo que cabe para elas que não leve a comentários do tipo "tenho que emagrecer" ou "fulana engordou"...aff...isso me irrita...
- Agora entendo porque meus pais sempre me diziam que eu ia ficar chata se continuasse tão neurótica com minhas dietas que me sugavam os cuidados, mesmo sendo magra...) -
Não que eu ainda não seja neurótica... não que não compartilhe destes comentário também (pow, eu engordei 20 Kg, não tem como não me incomodar!)... Mas daí a ser este meu único assunto numa roda de amigos ou quando chego em casa cansada e faminta precisando de um banho e um bom misto-quente para repor as minhas energias, ah, isso não!
Dentro do meu sofrimento inicial, resolvi então ser proporcional e engordar também o que acompanha este corpo que eu já não reconhecia mais... decidi "engordar" minha alma e minha mente...
Passei a questionar cada vez mais valores pessoais e coletivos e cheguei à conclusão que você pode ser a "Gisele Bündchen", mas nada vai prender as pessoas que o cercam por muito tempo se não houver personalidade e conteúdo (não que a Gisele não tenha!...rs). Pensei então que poderia me tornar uma pessoa mais interessante se compartilhasse de mais assuntos, de mais cultura...
Mas esta atividade me fez cada vez mais questionar o comportamento das pessoas. Pelo menos no ambiente em que eu vivo, ainda não há maturidade suficiente para entender que os valores devem ser pensados e repensados...
Sofri denovo, por perceber que não era tão aceita tanto quanto aquelas pessoas fúteis - e que se acham inteligentes por saber trocar meia dúzia de palavras comuns e simpáticas - que pensam quase que o tempo todo (senão todo ele) na aparência.
Talvez pelo meu comportamento extrovertido, quase o de uma candidata política segundo meu pai (rs), eu tenha sido aceita sim em determinadas ocasiões; mas sempre senti que os comentários ou simples pensamentos críticos sempre aconteciam.
Eu não era mais bonita porque não vestia maneguim 38 e/ou porque decidi radicalizar e experimentar um corte de cabelo diferente. Eu não tinha a mesma beleza por não carbonizar minha pele e meus neurônios no sol ou derretê-los com água oxigenada, secador e chapinha.
A padronização de corpos e modelos de beleza é cruel às vezes, e talvez seja o pior preconceito. As pessoas enchem a boca pa dizer que "o que interessa é o conteúdo", mas na verdade, o que interessa é a embalagem... o conteúdo, só se for algumas centenas de mililitros de silicone.
Mas apesar de dolorosa, esta foi uma experiência que me ensinou muito. Hoje não olho mais para as pessoas da mesma forma, não critico aparâncias da mesma forma que antes e valorizo sim um bom papo, uma sintonia, a atenção dispensada. Hoje me policio quando começo a ficar bitolada demais em dietas, principalmente se forem de cunho estético mais que saudável; ou mesmo quando entro em uma delas, evito que este seja o meu assunto único e que eu me torne uma chata, monodiscursiva, insuportável. Hoje consigo me aceitar mais e aceitar meus defeitos e qualidades que vão além deste corpo. Hoje busco a cada dia me acrescentar mais em conteúdo e a acrescentar na vida das pessoas, que seja um olhar solidário que se torne inesquecível. Pois percebi mais que nunca que este corpo tão visado na sociedade contemporânea é pura matéria e que os verdadeiros valores só permanecem quando conseguem transcendê-lo. Aprendi muito, cresci muito, com certeza me tornei uma pessoa melhor, mais madura.
Chegou a hora de me sentir bem comigo mesma e com meu corpo. Por questões mais de saúde - mas também estéticas e profissionais - inicio meu processo de volta ao mundo das pessoas magras. Mas volto com sensação de dever cumprido, com alegria pelo que foi por mim adquirido e sem me incomodar por estar carregando marcas e estrias desta época em que cresci pela dor.
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E continuo afirmando: é possivel ser feliz sendo gordinho sim... mas, principalmente se você já foi magro um dia, é preciso ser forte para lutar contra preconceitos e exclusões. Se não conseguir sê-lo, faça como eu em minha mais pura e convencional covardia, inicie uma dieta!
Mas gordo ou magro sempre questione os verdadeiros sentimentos e valores das pessoas que o cercam nesta sociedade que pensa se camuflar em meio a bisturis e botox.
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