Reflexo Real

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@TalithaMesquita

Tuesday, September 26, 2006

Da vitrola ao CD player


É engraçado ter que escrever no título do post abaixo “No CD palyer” e não "No Rádio", como é a expressão habitual. Mas por que escreveria “No Rádio” se nos dias de hoje quase não me lembro dele? E não sou a única...Com a evolução dos meios de comunicação, são poucos os que até os nossos dias se conformam em ser ouvintes. E como nos meios de comunicação de massa infelizmente não chegam ainda o que é não seja cormercial, no meu gosto particular tenho que partir para o CD palyer sendo também “demodê”, já que a era atual é a do MP3 e do DVD (será que é ainda ou já passou???)
Lembro-me da minha infância embalada pelos discos de vinil e pelas fitas cassete. O que é hoje material para colecionadores fez parte da história da minha vida, da minha trilha sonora. Recordo-me também da adolescência, quando não perdia os programas vespertinos da rádio FM, participava deles por telefone pedindo minha música favorita e, em uma fita cassete, gravava um repertório baseado no que tocava na programação.
Tenho lebrança detalhista de quando ganhei o meu primeiro CD player e, com ele, meu primeiro CD. Foi a felicidade de quem via com olhos brilhantes a tecnologia se aproximar.
O tempo passou, mudaram a concepção de música, os gostos musicais se firmaram (ou mesmo modificaram) e hoje não divido só a atenção do meu CD player, mas também do meu video cassete – o qual praticamente aposento – com um aparelho de DVD.
Fico imaginando o que será que vem substituí-lo. Qual será a nova invenção?
É saudosista refletir sobre a evolução tecnológica e isto tem, como tudo, o lado bom e eo mau. Há coisas boas no passado sem funcionalidade no mundo contemporâneo, mas que habitam as recordações de uma vida. Há facilidades contemporâneas que perpetuam por momentos passageiros e que cada vez mais rapidamente passam a ser memórias.
Temo chegar um momento em que de tão rápidas e passageiras, as criações sejam esquecidas, pois o convício com elas não tem a mesma intensidade do passado. Fica-se esperando apenas aquelas que venham a ser suplentes.
Lembro-me das máquinas de escrever e dos mimeógrafos – estes nem mesmo minha irmã adolescente conhece. Tinha verdadeiro fascínio por ambos. Não era tão comum possuí-los como ter hoje em dia um computador e para mim era maravilhoso pensar que deles vinha o que iríamos ler, as lições da escola, as provas bimestrais.
Sempre que ia à casa de minha avó ficava observando minha tia professora trabalhar com tais objetos. Na escola, minha felicidade era quando podia ajudar a “rodar o mimeógrafo”.
Nos dias de hoje ambos foram praticamente esquecidos (principalmente o coitado do mimeógrafo!) e substituídos por uma única máquina, o computador.
Este se tornou quase que objeto imprescindível na vida das pessoas. Recordo-me quando em minha casa adquiriram o primeiro micro. Era instigante, novo, fascinante também. Mas feliz e infelizmente foi se tornando algo banal e em qualquer lugar hoje em dia podemos vê-lo ou ter acesso a ele. Digo feliz e infelizmente porque embora se perca o encanto do primeiro olhar, é necessária esta democratização da tecnologia; isto também é encantador!
O que me assusta é a aceleração com a qual acontece. Cria-se, democratiza-se e substitui-se. Assim foi com o celular, com os modelos de computador e até mesmo com o meu instigante CD player, ou melhor, com os aparelhos de áudio e sua evolução tecnológica.
Ainda há, nos dias de hoje, função para o CD player, apesar de predominar o culto ao MP3 player e ao DVD (é ainda?). Mesmo não tendo a função MP3, ainda há utilidade para ele.
Mas na efemeridade dos fatos e da tecnologia, pergunto-me se daqui 10 anos ainda existirá. Questiono-me o que irá substitui-lo e quem se recordará dele.
Será o CD player ainda funcional ou apenas morador da nossa nostalgia?

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