Reflexo Real

Reflexo Real
@TalithaMesquita

Thursday, September 29, 2005

A menina Dança...



"Quando eu cheguei tudo, tudo
Tudo estava virado

Apenas viro me viro

Mas eu mesma viro os olhinhos

Só entro no jogo porque

Estou mesmo depois
Depois de esgotar

O tempo regulamentar
De um lado o olho desaforo

Que diz me nariz arrebitado
Que não levo para casa
Mas se você vem perto eu vou lá
Eu vou lá
No canto do cisco
No canto do olho
A menina dança
E dentro da menina
Ainda dança

E se você fecha o olho
A menina ainda dança
Dentro da menina

Ainda dança

Até o sol raiar

Até o sol raiar
Até dentro de você nascer

Pra ser o que há"


(Marisa Monte)

Wednesday, September 28, 2005

Poema em Linha Reta (Álvaro de Campos)


"Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó principes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza."

Tuesday, September 27, 2005

Onde buscar???

Preciso sim...dem muita força...sempre...agora mais...não quero mais ser eu...

"Mas há a vida

que é para ser
intensamente vivida,
há o amor.
Que tem que ser vivido
até a última gota.
Sem nenhum medo.
Não mata."

(Clarice Lispector)

Preciso de forças!!!...


"Para ser grande sê inteiro, nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa
Põe tudo o que tem em tudo o que fazes.
Assim em cada lago, a lua toda brilha, porque alta vive"
Alberto Caiero



Monday, September 26, 2005

Os meus...

Se me perguntassem hje o que vale minha vida, com certeza a resposta seria "os meus"...
Por eles daria a vida, daria o mundo e todos os meus sonhos...
Por eles comeria maçã pelo resto da vida, deixaria que me chamassem de "Mesquita" e até que o mundo desabasse, se possível fosse eu segurá-lo com meus braços para protegê-los...
"Os meus"...meus sonhos...minha vida...meu amor...
Queria poder segurar toda lágrima que ameaçasse escorrer de seus olhos...que ousasse correr suas faces...
Queria poder não errar para que estas lágrimas não corressem, pois cada vez que caem, vai com elas um pedaço do meu coração...
"Os meus"... minha riqueza... minha razão... meu alicerce...
Se não fossem eles eu nem imagino que rumo esta minha vida desnorteada estaria tentando tomar...

Papai, Mamãe...amo vocês mais que tudo!!!
Meus irmãos Tamara e Rafael...mto especiais...cada um à sua maneira...
Tamarinha, minha "daughter-sis" amada...
Vovó, tias, tios, padrinho, madrinhas, primos, primas...o q seria de mim sem vocês???

OBRIGADA POR TUDO...SEMPRE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Minha Arte


Quem escreve sobre "minha arte" aki é o mestre Drummond...
Alguém irá contestar sua beleza e sacracidade???




A Dança e a Alma



A DANÇA? Não é movimento
súbito gesto musical,
É consentração, num momento,
da humana graça natural.

No solo não, no éter pairamos,
nele amariamos ficar.
A dança- não vento nos ramos:
seiva, força, perene estar.

Um estar entre céu e chão,
novo domínio conquistado,
onde busque nossa paixão
liberta-se por todo lado...

Onde a alma possa descrever
suas divinas parábolas
sem fugir à forma do ser,
por sobre o misterio das fábulas.

(Carlos Drummond de Andrade)

Wednesday, September 14, 2005

Consolo...=(

Jah q fiquei sem ingresso para o show do Lô Borges, resta-me chorar ao som de sua canção...rs
SEMPRE VIVA
( Lô Borges- Marcio Borges)
Isto não se apaga como a vela
Nem ao menos se despersa qual vento dos corações
Já estava bem preparado no ventre de toda mulher
Já escrito assim na parede das celas, das praças de qualquer país
Passageira chama fogo da vida
A vontade livre tudo intimida por simples ser
Vento na manhã caravana, um bicho voando no céu
Casamento de uma aranha
A dança macia dos canaviais

Toda tribo viva é bailarina
O alimento vento, fruto dos mares rebelião

Já estava bem preparado no ventre de toda mulher
O milagre da tempestade
Veneno da rua aprendida a lição de colher
Uma fruta no chão
Isto não se apaga...

Toda tribo viva é bailarina
O alimento vento, fruto dos mares rebelião

Já estava bem preparado no ventre de toda mulher
O milagre da tempestade
Veneno da rua aprendida a lição de colher
Uma fruta no chão
Isto não se apaga...

Será Arte???






"Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
Será Arte?"

(TRADUZIR-SE - Ferreira Gullar)

"Um parte de mim é o mundo...Outra parte é ninguém: fundo sem fundo..."

QUERO O QUE PRA MIM É TUDO...

Quero o mundo...
Quero o nada...
Quero a paz dos menos abastados...
Quero a felicidade dos humildes...
Quero o sorriso sincero do pobre...
Quero o conforto do amor verdadeiro...
Quero tudo que não valha dinnheiro...
Quero o que vida tem a me oferecer...

Mas quero intensmente...sem medo....
Quero por inteiro...
O que tenha sentido verdadeiro
para meu mundo interior...
Quero o que me engrandeça...
o que me faça mais forte...
O que me deixe segura
e não jogada à sorte...
Quero a verdade, mesmo que só a mim inporte...
Quero a Vida
e não a morte...

...


"Vai ter uma festa
que eu vou dançar
até o sapato pedir pra parar.

aí eu paro,
tiro o sapato
e danço o resto da vida."

(Chacal)
Rápido e Rasteiro
O que será de mim se os dias passarem sem poesia, sem música e dança???
O que será de mim sem um palco, meu divã, e sem a pintura do meu mundo interior???
O que será de mim sem minha arte humilde que se engrandece ao alimentar minha alma???

O que será de mim???...
O que será de mim???...
O que será de mim???...

Tuesday, September 13, 2005

Sou...


"Fecho as pálpebras roxas, quase pretas,
Que poisam sobre duas violetas,

Asas leves cansadas de voar...


E a minha boca tem uns beijos mudos...

E as minhas mãos, uns pálidos veludos,

Traçam gestos de sonho pelo ar..."


(Languidez - Florbela Espanca)


Sou sol...sou lua...sou beijo...sou paixão...sou inverno...sou verão...sou tumulto e solidão...sou ninguém...sou multidão...o dia e a noite...o dormir e o acordar...o viver...o amar...


Ser...ou Não Ser???

"Ah! arrancar às carnes laceradas
Seu mísero segredo de consciência!
Ah! poder ser apenas florescência
De astros em puras noites deslumbradas!

(...)

Aqueles que me têm muito amor
Não sabem o que sinto e o que sou...
Não sabem que passou, um dia, a Dor
À minha porta e, nesse dia, entrou.
E é desde então que eu sinto este pavor,
Este frio que anda em mim, e que gelou
O que de bom me deu Nosso Senhor!
Se eu nem sei por onde ando e onde vou!!

Sinto os passos de Dor, essa cadência
Que é já tortura infinda, que é demência!
Que é já vontade doida de gritar!

E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio,
A mesma angústia funda, sem remédio,
Andando atrás de mim, sem me largar!"

(Não Ser - Florbela Espanca)

Monday, September 12, 2005

Eu...


Na dificuldade de me auto-definir, vejo-me como um ser redundante, paradoxal, nada racional e um tanto quanto confuso...
Tudo o que sou, sou com intensidade, o que ressalta e reforça tanto defeitos quanto qualidades pertencentes a mim ou ao momento que vivo...
Redundo-me pela ansiedade constante, pela impulsividade, pelo perfeccionismo, pela hiperatividade...pela personalidade forte, pela busca incessante da verdade, pela persistência e pela subjetividade...
Porém, objetivamente me contradizo pelo excesso se sinceridade, pelo medo, pela timidez, pela compulsão e até memso na dualidade apresentada pelas minhas características todas, ora fazendo-me bem, ora apresentando-se como i meu mal...
Mas é este um paradoxo complexo, nada perfeito, conseqüente de um comportamento que busca, sem sucessos, um mínimo de racionalidade nas palavras que não definem ou descrevem uma tempestade de sentimentos e idéias que perturbam meu interior...
Assim, transito entre momentos de loucura e serenidade, sobriedade e embriaguez...indecifráveis...indefiníveis...inconscientes e inconseqüentes....sempre intensos em sensibilidade e paixão - o que me faz querer explodir em emoções a todo momento...o que me faz querer libertar meus anseios e meus delírios...o que me faz sonhar e extravasar através de insanidades e contradições, as quais as vezes se fazem viáveis se olhadas por um ponto-de-vista bem peculiar...